Perséfone No País.

por | dez 15, 2011 | Contos, Humor, Sem categoria

Olá, caros não-leitores!

Inaugurando outra seção fixa aqui do blog!
Toda semana um trecho de um conto nuevo! hehe (um trecho pois tenho problemas em escrever pouco…daí pode levar alguns posts para acabar…aquela coisa…)
E oooo deeee inauguraçãaao:
Ele começou a ser escrito ano passado pra um trabalho da matéria de criação de roteiros, e deu no que deu…ele vai terminar ou no próximo, ou no próximo do próximo…veremos…
Ah, sim. É em formato de roteiro mesmo…com aquele papo de personagem>fala.

Perséfone no País das Maravilhas

Local: Campos Elísios, bairro de São Paulo, dia, rua

Perséfone está andando pelas ruas do bairro, vestida com uma toga com a barra pegando fogo, várias pessoas viram os rostos para olhá-la. Tem uma expressão de eterno enfado.

PERSÉFONE: Que decepção, da última vez em que estive aqui, esse lugar era bem melhor… Apesar de ter aquele narciso à beira do lago… Aliás, aonde que o tal lago foi parar?

HOMEM: Er… Com licença?

 PERSÉFONE: *Em pensamento* Ah. Os homens terrenos. Sempre seduzidos pela minha beleza, só queria que Afrodite visse isso agora… *em voz alta* Sim, meu caro?

HOMEM: Er… A senhora quer que eu chame uma ambulância? Ou… sei lá… Os bombeiros?

 PERSÉFONE: *em pensamento* Senhora?! E que maneios estranhos ele usa…*em voz alta* mas por que, meu bom homem?

HOMEM: Por quê?! É que a barra do vestido tá pegando fogo… se ainda não percebeu…

PERSÉFONE: Ah. Isso? (aponta para a barra do vestido) É uma roupa especial do Reino dos Mortos, não há necessidade de se preocupar, ela queima com o fogo eterno dos Infernos, ajuda a dar maior efeito de moralidade aos recém-chegados.

HOMEM: Ah. Tá.

PERSÉFONE: Mas sua preocupação é tocante. Minha beleza o encantou de forma arrebatadora, não?

HOMEM: Ah, é, claro. Tenho que ir, tchau. (sai correndo, um esgar de estranhamento no rosto.)

PERSÉFONE: Pobre mortal. Tem vergonha de se manter em minha presença por tempo prolongado (começa a andar pela rua novamente) Mas tudo bem. Agora só preciso achar um templo para voltar para… Adônis! Meu belo!

HOMEM 2: (olha pros lados, confuso) Er. Como é?

PERSÉFONE: (segura as mãos dele) O que foi, Adônis? Não me reconheces? Sua amada, mesmo tenha de passar apenas um terço com tempo comigo?

HOMEM 2: Desculpa, moça, deve ter me confundido… E sua roupa tá pegando fogo.

PERSÉFONE: Não reconheces nem sua toga favorita? Foi um encantamento daquela Afrodite e de seu filho Eros?

HOMEM 2: Como… É. Isso aí. Escuta tô atrasado pro busão, a gente se… fala depois, pode ser?

PERSÉFONE: Claro, Adônis. (observa enquanto o homem sai andando meio correndo) Nossa. Saiu correndo tão rápido… Aquele “busto” que tem de pegar deve ser um presente surpresa para mim. Que doce.

Perséfone continua a andar pela rua e observa as pichações nas paredes.

PERSÉFONE: Mas essas pinturas de mau gosto dos romanos chegaram até as paredes da minha amada Elêusis? Com licença, meu bom homem, aonde fica o templo de Deméter?

HOMEM 3: (olha confuso para a deusa) Templo de quê?

 PERSÉFONE: Deméter. Minha mãe. Sua deusa adorada, estás surdo?

HOMEM 3: Olha, acho que é a moça que tá com uns probleminhas, tem nada disso aqui não. Agora, se tá  procurando aquela boate é a duas quadras daqui.

PERSÉFONE: “Boati”? Não é nada disso. Por Zeus, o que aconteceu com Elêusis?

HOMEM 3: Elêusis? Ah, não, mocinha, deve ser esse o problema, aqui é o bairro dos Campos Elísios.

PERSÉFONE: Não creio.

 HOMEM 3: É. E eu não sei onde esse lugar aí fica… e seu vestido tá pegando fogo.

PERSÉFONE: (meio distraída) Obrigada, meu bom homem. Tudo deve ter sido uma peça tramada por Afrodite para me trazer ao lugar errado. Mas ela vai ver quando eu…

HOMEM 3: Tenta ver qual é a estação de metrô mais próxima de lá… Tem uma aqui na rua paralela.

PERSÉFONE: OH! Me levarias até lá?

 HOMEM 3: Er. Tá.

Caminham  até a estação de metrô, o movimento é intenso para o horário. Param à frente da escadaria de entrada.

HOMEM 3: É essa aqui.

PERSÉFONE: Oh! É um portal imenso para o Submundo! Meu marido deve estar com problemas, vejo cidadãos subirem e descerem à mesma proporção!

HOMEM 3: Tem que ver no horário de pico…

PERSEFONE: Que bagunça! Vou procurar meu marido! Obrigada, meu caro!

HOMEM 3: De nada. (a observou descer as escadas, as pessoas desviando da toga em chamas) Olha só… a mocinha é casada com um bilheteiro…

Perséfone chega até a bilheteria, cortando fila, sorri para a bilheteira.

PERSÉFONE: Com licença, mocinha. Gostaria de ir até os Infernos.

BILHETEIRA: HAHA. Essa foi boa! Mas a Sé tá em reforma. Quantos bilhetes a senhora quer?

PERSÉFONE: O que me levar até Hades.

BILHETEIRA: Um então. É dois e sessenta.

PERSÉFONE: Dois e sessenta, o quê, por Zeus? Antes só precisava pegar uma barca e dar duas moedas para o barqueiro!

BILHETEIRA: Nossa. Então faz tempo que a senhora não pegar metrô, não é dois reais faz tempo…

Perséfone convence a bilheteira de que seu marido trabalha lá e não precisa pagar, e vai em direção às roletas, olhando as pessoas que entram e saem por elas, todas com expressões irritadas.

PERSÉFONE: Olhe isso! Pessoas saindo depois da clemência de Hades e ainda com essas expressões de irritação! Mal agradecidos! Será que a cidade inteira foi tomada pelo encantamento de Afrodite???

Vai temerosa em direção às roletas.

 

Continua…

Não sabe quem é Afrodite e não entendeu bulhufas das piadas internas sobre mitologia grega? AQUI (e procurar algo da mitologia grega…) 

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