RGS #1 – Final Fantasy 6 (ou 3, ah bla)

por | mar 19, 2012 | games, Resenhas, roteiro, Sem categoria

Final Fantasy 6 – Squaresoft (Snes/PSX/GBA)

E-A-E cambada! O primeiro post oficial com o propósito da coluna, e hoje falo de um RPG que fez a cabeça de muitos até a chegada do ultra-mega-sucesso Final Fantasy 7 (de agora em diante FF7) como o melhor RPG de todos os tempos. Muitos consideram FF7 o melhor até hoje, mas ser fanboy de um ou de outro, eu não dou a mínima, por mim cada um tem seu valor e ponto final.

Final Fantasy 6 saiu em 1994 no Japão e logo lotou filas de espera das lojas de games disponíveis ( japonês é bem visceral quando se trata de um jogo que cria expectativas).

Agora falemos sobre um dos enredos mais polêmicos (mamilos) de sua época. Temas como preservação da natureza, preconceito, suicídio, o sofrimento de Hiroshima e Nagasaki pós bomba, são alguns dos tópicos explorados de maneira subliminar, neste que me parece ser o FF com maior apelo emocional de todos.

No início o game gira em volta de Terra, uma garota que possui o dom de usar mágica em um mundo onde tal feito não existe, pois uma guerra que quase destruiu o mundo selou os Espers, criaturas da natureza que possuem este dom, e se aliando aos humanos os mesmos adquirem os poderes do respectivo Esper (mas o Esper precisa perecer para que isto aconteça).

O que acontece é que um tal de Kefka, um palhaço (!) sádico que ainda por cima é general de Vector, espécie de Império de Star Wars (ou seja, DUMAL) descobre onde os Espers se esconderam e começa a cultivá-los de maneira a conseguir a qualquer custo mais e mais poder, e com isto chega ao cúmulo de perder o controle, e ao mesmo tempo que toda a sabedoria dos Espers é passada para ele, o mundo simplesmente é destruído pela falta de equilíbrio.

Sim, você leu certo. Você infelizmente não salva o mundo neste game, mas o mais interessante é justamente o fato de não salvar, e sim devolver esperança a aqueles que ficaram… mas como?

(Link da imagem aqui )

Exceto por alguns personagens, a maioria é bem perturbada e assim só tornam as coisas piores. Celes (uma general que se alia ao teu grupo por achar o que o império de Kefka faz algo pior que Michel Teló) participa de uma das cenas mais intrigantes já vistas. Ao acordar de um coma um ano depois do mundo ter se destruído, ela se encontra só em uma ilha, apenas com seu tutor, que dependendo das suas ações, pode morrer de envenenamento. Ela, sem esperança nenhuma sobe ao maior penhasco da ilha e se joga. Nunca se ouviu falar em suicídio em games até então…

Outra situação é o paralelo com Hiroshima e Nagasaki. Acredito que os produtores quiseram passar, de alguma maneira, como superar o que parece insuperável. Após o “fim do mundo”, todos os reinos deixam de existir, quase todas as vilas são destruídas e até os continentes ficam desalinhados… se percebe  a similaridade em muitos pontos. Pessoas doentes sofrendo por todos os cantos, histórias tristes dos sobreviventes, e perda de noção do futuro, são só alguns dos exemplos.

E o que o grupo de personagens do game acaba fazendo é, aos poucos, uma reformulação da maneira de pensar do jogador, que luta pela esperança e não pela salvação, se unindo por um propósito maior do que a vitória, e para enfrentar Kefka, que agora em sua torre, julga a todos que soam como ameaça com um feixe de luz que dizima cidades inteiras se assim ele quiser.

Todos que jogaram este FF possuem uma obra prima do enredo de games em suas mentes. A sensação de conquista e de resolução da vida de cada personagem (acredito que são 14!!), aliada a trilha sonora monstruosa de Nobuo Uematsu (a orquestrada é emocionante), te prendem até o último minuto, e quando as palavras THE END aparecem ao fim, você sente um suave vazio até encontrar outro game com uma história tão boa e reflexiva quanto esta…época em que os enredos tinham uma espécie de moral, de realmente sentir que está participando de algo grandioso e épico, saindo do cliché e se envolver realmente.

No meu ver, a lição do game é: Não tente lidar com o que não conhece!

Ps.: O “ou 3” lá do título se refere à confusão criada com o lançamento do FF1 nos EUA, FF4 nos EUA que se tornou 2, e o 6 que se tornou 3, ou seja, até 1994 os FF 2,3,e 5 nunca deram as caras no ocidente.

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