Ormuz – Opções para gastar seu salário #25

por | jul 3, 2012 | Resenhas, Sem categoria

Ormuz

Viagem inesquecível pela Ásia de 1600 onde se entrecruzam paixão, batalhas épicas e lendas de um passado distante. Rafael nasceu na savana africana e, na velhice, é encarregado pelo sultão de Mascate de escrever as suas memórias, onde nos conta a história de conquistas e de uma paixão trágica nos cenários de África, Ásia, Pérsia e Arábia do século XVII. As suas memórias transportam-nos de Lisboa a Goa, passando pelas terras do Xá da Pérsia, falam-nos de grandes batalhas em mares longínquos opondo Portugueses a Ingleses, Holandeses e Persas.

Ormuz trata da história de Rui Freire de Andrade, um fidalgo português que liderou grandes batalhas na tentativa de reconquistar Ormuz da crescente ameaça da armada naval inglesa e holandesa (que posteriormente, acabaria por dominar aqueles mares).

E ele é em Português de Portugal (leiam essa frase com sotaque, por favor), por isso às vezes é lido algo meio estranho aos nossos olhos, mas nada que evite a compreensão.
O livro é narrado por Rafael, um escravo negro, levado por Rui Freire de Andrade e que o acompanha por toda sua vida, e conta em minúcias tudo pelo que passou, desde 1610 até 1652.

“Na manhã seguinte, fomos visitados por portugueses que chegaram numa grande barca. Nunca tinha posto a vista em cima de nenhum branco e a aparência deles surpreendeu-me tanto como a do mar. Lembro-me de ter pensado que talvez estivessem doentes, para terem aquela palidez.” Pagina 19

Demorei um bocado para terminar esse livro, pelo menos mais do que geralmente levo para fazê-lo…

Ele é um livro bem cansativo em momentos, e há horas em que se quer parar de ler ou se dá um bocado de sono pela quantidade massiva de descrições, embora seja justamente isso que o torne tão rico.

Ele consegue demonstrar a verdadeira natureza das guerras navais, das potências marítimas de 1600 para frente, de quando a Europa dividia a África e Ásia e controlava todo esse comércio que havia por lá, sendo Ormuz uma das principais cidades foco do comércio pérsico. Sem mistificar essa questão cruel que toda a guerra possui, da forma como pessoas inocentes são brutalmente assassinadas e em que fidalgos ou superiores fazem tudo para conquistar seus objetivos.

Uma questão que achei muito interessante foi a quantidade massiva de referências bibliográficas, de termos navais amplamente usados e de uma vontade de se manter fiel às questões históricas.

“Lárgamos velas nos últimos dias de Março do ano de 1623, num dia solarengo e com vento boncançoso. Era mais uma entediante travessia do Índico. Para aliviar o tédio, Sara resolveu contar mais uma das suas estórias pagãs irlandesas (…)” Página 265

O livro não deixa, é claro, de ser um romance, possuindo liberdade poética em certos momentos para fantasiar nas questões de alguns personagens, como o de Sara, que expõe grandemente a cultura irlandesa (o que me fez manter minha opinião de que para aquele pessoal desgraça pouca é bobagem no momento de criar suas lendas), possuindo uma grande gama de contos e lendas de lá.

Ele é uma leitura que começa a ganhar mais ritmo a partir da metade do livro, e o fato de ser narrado por Rafael, um escravo, mostra um outro lado da história, talvez uma visão não muito usual do que poderia aparecer nos livros, com uma honestidade que talvez não surgisse se fosse contada por um fidalgo.

É um livro muito bom, que vale a pena ser lido, mas com calma, tempo e sem sono, pois consegue mostrar as linhas tênues do que vitória e paz podem significar quando impérios querem dominar outros.

Ele também consegue mostrar a realidade portuguesa, por vezes tão mistificada por aqui, e até a européia como um todo.

 

Ormuz
Autor: Miguel de Cours Magalhães
Páginas:
424 (somando as notas e uma cronologia super legal)
Editora: Landscape
Ano: 
2007
Nota: 4 estrelas no Skoob (Resenha AQUI também)

 

Que acharam do livro? Deu vontade de ler?

 

Enjoy!

2 Comentários

  1. Jeferson

    Pra quem ficou meio entediada no começo, parece que vc se deu bem com o livro no final hein moça? 🙂

    Responder
    • camilaLV

      Sim!
      Nas questões históricas o livro fica super legal… é que tem umas descrições meio enormes que te dão um pouco de sono às vezes…haha

      :**

      Responder

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