Três clássicos do terror imortalizados pelo tempo e reunidos em um único volume, Frankenstein, O médico e o monstro, e Drácula destilam em suas páginas aspectos sinistros e macabros da imaginação humana. Os três livros se originaram de pesadelos de seus autores e nos remetem a paisagens sombrias, como os alpes suíços, onde nasceu o Frankenstein, a acinzentada Londres do Dr. Jekyll – e seu outro eu misterioso – e a tenebrosa Transilvânia do Conde Drácula.
Em Frankenstein, o criador perde o controle sobre sua criação, e o leitor passa por momentos de apreensão e horror psicológico.
Como está dito na sinopse, em Frankenstein o leitor passa por momentos de apreensão e horror psicológico. E um bocado de tristeza.
E chegamos ao nosso especial de Halloween! (ao longo do tempo vou colocando o resto dos livros presentes nessa compilação!) Por enquanto um lindo clássico de 1818!
O medo do desconhecido. A paixão pelo desconhecido. Uma dualidade tão presente e tão mutável quanto os sentimentos de êxtase e desespero que se mesclam num frenesi caótico em Frankenstein.
Faz muito tempo que vi o filme com Robert de Niro, apenas alguns flashes apareceram de vez em quando para dar spoilers, rsrs.
Talvez por já viver em uma sociedade onde histórias sem vilões, com vários pontos de vista inclusos e questões sociais que implicam que a maldade e a bondade é extremamente relativa, tenha pensado desde o início que o monstro não era tão mal assim, uma sociedade preconceituosa e soberba o fizeram assim.
Mas isso ocorrer em 1818, quando tinha seus 21 anos… Me fez querer entrar na Tardis(e dá-lhe referência à Doctor Who…) e bater um longo papo com Mary Shelley, a quem sem conhecer julgo ter tido uma mente maravilhosa e muito à frente de seu tempo. Procurando saber mais sobre a autora posteriormente descobri que ela tinha tido uma educação muito aberta e com grandes toques feministas, o que conseguiu explicar um bocado. E também que tinha uma visão extremamente aberta sobre o casamento… o que me chocou ainda mais, saber que havia pessoas com ideias assim nessa época me fugia completamente.
Na edicção em que comprei, a da foto, há uma introdução feita por ela(em 1831), só nela já me apaixonei profundamente por sua escrita. E pela história posteriormente.
“Não é de admirar que, sendo filha de duas pessoas de distinta celebridade literária, muito cedo na vida eu tenha pensado em escrever. Quando criança, eu escrevinhava; e meu passatempo predileto, nas horas de recreio que me eram concedidas, era “escrever histórias”. Tinha, porém, um prazer maior do que aquele: a construção de castelos no ar – a disposição para sonhar acordada – , o acompanhamento de sequências de incidentes imaginários. Os meus sonhos eram ao mesmo tempo mais fantásticos e agradáveis do que meus textos. Nestes últimos, eu era uma boa imitadora – fazendo mais o que outros haviam feito do que registrando as sugestões de meu próprio espírito. O que eu escrevia era dedicado a pelo menos um outro olhar – o de meu companheiro e amigo de infância; mas os meus sonhos eram totalmente meus; não prestava conta deles a ninguém; eram meu refúgio quando me aborrecia – meu mais querido prazer quando livre.”
Mary Shelley. Página 11.
A cegueira humana advinda da paixão(essa não só relacionada ao amor, mas aquela que temos pelo conhecimento, a sede de conhecimento, de chegar até o final de tudo), a vontade de se igualar ao Criador… Por isso também o outro título da obra: O Prometeu Moderno. A Prometeu e seu irmão, na mitologia grega, foi dada a tarefa de criar todos os seres terrenos. O Dr. Frankenstein (que sempre havia julgado Frankenstein ser o nome do monstro, e não de seu criador. O que é um problema, pois o monstro não tem nome.) descobriu a centelha da vida e não soube o que fazer com ela depois de concretizar seu trabalho, a culpa caiu como uma pedra em seu espírito, e se talvez tivesse aceitado sua criação mais precocemente, não se teria uma dos melhores contos de terror. Embora muitas vezes o tenha achado um drama, mas a linha é bem tênue.
O livro mostra de forma curiosa como uma mente muito aberta como era a da autora, consegue manter certos valores como o dos limites que a ciência deveria ter, a questão de assumir o que se faz. Aceitar, mesmo que pareça impossível a princípio, o que se fez. Tanto que fugir fez Frankenstein entrar num frenesi praticamente lunático, e o fato de fugir de sua própria criação gerou a decadência de tudo que possuía. E nas horas em que ao monstro finalmente é permitido falar… Bem. Aí que se fica com vontade de chacoalhar a cabeça de Frankenstein para que ele visse o que criara, para que ele parasse de enxotar e acabar com uma alma que sofria o preconceito, e não tinha lugar no mundo por sua culpa. Nesses momentos se fica do lado do monstro, que talvez não seja tão monstruoso assim…
No último relato do monstro devo admitir que várias lágrimas escorreram, um relato tão humano, tão sincero, talvez o personagem mais humano da história seja aquele que foi composto de pedaços de outros humanos.
Essa resenha não foi focada no enredo em si. Ele já está bem batido. Mas nas sensações provocadas por ele. A humanidade nua e crua explicitada com todos seus traços egoístas, carentes, sedentos por uma justiça que muitas vezes simplesmente é injusta. O que está em Frankenstein é muito mais que uma história de conto de terror… é um espelho de auto-análise para se pesar suas atitudes.
E me encantou.
Um detalhe na narrativa que mais gostei foi o fato da história, já que é narrada pelo próprio Frankenstein ao capitão do barco, de forma muito agradável e fluente devo dizer, foi que quando Frankenstein descobriu essa centelha da vida, não a disse, sob o motivo de que não queria que seu erro fosse repetido. Foi a mais genial solução para um mistério que seria muito difícil de solucionar. Adorei profundamente essa “desculpa” da autora para não colocar a fonte da vida no ser humano.
Frankenstein ou O Prometeu Moderno (1818)
Editora: Martin Claret
Autores: Mary Shelley
Páginas:160 (nesse caso, como a minha edição contém 3 livros, vou considerar o número de páginas o que contém somente a história.)
E aí, alguém mais já leu? Achou algo diferente? Achou que pirei na batatinha e o monstro arrepia profundamente sua alma e só?
Enjoy!
Me deu MUUUITA vontade de ler, menina!! Eu gosto desse tipo de resenha, que tira o foco da história em si e fala dos outros aspectos do livro. Muito bom. Adorei!
Beijocas.
Camii.
PS: E que gigante, essa resenha, heim?! xD
HAHAHHAHAHA
Vale muito a pena ler, Camila!!! 😀
Então, quis mudar o foco porque todo mundo já está careca de saber sobre o enredo, né?
Que bom gostou! 😀
Beijos!
ps.: me empolguei um pouco na resenha… admito xD
Não li esse livro mas achei interessante sua resenha, apesar de não ser o tipo de leitura que curto me deixou um pouco de curiosidade, mas realmente não sei se leria.
Beijos.
Rsrs, é mais pra quem gosta de sentir aquele friozinho na espinha, Marceli 🙂
Vale a pena ler porque ele é mais leve do que se pensa, e não tão comprido! 🙂
Mas se gostar do gênero é mais divertido!
Beijos!
Gosteii ! Vou ver se compro só com a história de Frankenstein … Ei como o site é da WordPress e não para seguir ,,, curti sua página do Facebook 😀
Brigadão, Ricardo!
Vale super a pena ler o livro! Estou terminando de ler o resto dos que tem nessa coletânea e está valendo a pena!
Sem problemas!
Bjs.