E vamos para mais um do contos brisados com personificações! Novamente, com muitas brisas, mas sem tantas dobraduras do tempo e do espaço.
As meias da foto são meramente ilustrativas.
Este é o conto de uma meia. Uma meia comum, que não esquentava muito o pé, mas pelo menos não estava furada e permitia que aquela brisa gelada atravessasse o espaço entre sua trama para esfriar os pés incautos.
Era uma meia ordinária, não no sentido depreciativo da palavra, mas no sentido ordinário dela mesmo. Ela não tinha listras, mas tinha uns bordadinhos simpáticos na ponta. Não que desse para ser visto quando a pessoa a usasse com um tênis. Não.
Mas era um desenho simpático, e isso era inegável.
E… ela tinha um sonho.
Um sonho de meia. Um sonho de meio. De mover meio mundos e fundos para conquistá-lo.
Pois antigamente, como ficara sabendo por outras meias informadas, elas eram famosas, elas eram chiques. Elas eram divas do vestuário. Suas antecessoras eram tão chiques que apenas famílias ricas as tinham, e um par por ano. E agora. Onde estava?
Ali. Aguardando seu sonho de ser vista por uma tia ou uma avó e ser dada de presente.
Ela olhava nas vitrines enquanto suas outras parentes separadas por ramos da evolução eram compradas, as mais esnobes eram as 3/4, que se vangloriavam em só aparecer em pessoas estilosas, ou quando o frio estava bravo e a galera queria um calorzinho extra nas panturrilhas.
Ela ao menos era uma meia criativa, combinava com qualquer tênis, mas sempre tinha um medinho de ser usada com sapatilhas. Não queria que a vissem desse jeito. Mas se assim fosse preciso para ser dada de presente, que seja. Aceitaria qualquer sapatilha, até… até as de plástico transparente. Um arrepio passou pela sua trama vertical.
Não sabia mais se queria ser comprada… e se acabasse virando uma meia… comum??? Perdida no fundo da gaveta e que só era escolhida quando as outras meias estavam lavando. Ela se encolheu um pouco mais na estante.
Não queria ser uma meia escondida na gaveta. Não. Isso era perturbador demais. Não. Havia alguém se aproximando dela. Não, não me compre senhora, pegue essa meia simpática cinza do meu lado. Nãaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaao.
Tudo estava escuro. Sentia que se movimentava. Foi tirada da sacola.
A estavam mudando de cômodo na casa… Para onde a estariam levando? Para o fundo da gaveta? Para seu pior pesadelo?
A colocaram numa mesa sem seu plástico de proteção. Seria aquela uma mesa de operação?
Desmaiou de medo.
Quando acordou sentiu coisas penduradas nela, lembrou-se de um conto que umas meias mais velhas haviam lhe contado, sobre uma meia que foi criada a partir dos restos de outras meias. Temeu se olhar num espelho.
Sentiu algo a pegando, seria um pé? Estaria ela sendo usada?! Estaria ela indo a caminho de uma sapatilha de plástico transparente?
Não. Seu sonho havia sido realizado! Além do que pensara!!!
Ela era manipulada na frente de um público, seu desenho simpático na ponta se tornando o nariz de um bicho estranho! Ela era um fantoche! Ela era famosa!
E naquele dia percebeu que nunca mais ficaria perdida no meio de uma gaveta sombria. Talvez dentro de uma gaveta de fantoches. Mas pelo menos eram uma turma mais animada que os esnobes sutiãs.
E esse foi o segundo conto de personificações, o primeiro foi o do omelete, que se quiser conferir é só clicar aqui!
Até semana que vem, pessoas! E não esqueçam de sempre acompanhar a página do facebook que sempre tem coisa nova e avisa quando o post vai atrasar por motivos de força maior. HAHA
Ps.: E UM FELIZ DIA DO ROCK para esses leitores com bom gosto. rsrs (isso não significa que tem que gostar só de rock, tem que ser eclético, galera. Com exceção de alguns tipos musicais. Que não são música.)
Olá, Camila! Tudo bem?
Que conto fofo! Estou apaixonada pela história da meia que conseguiu realizar o seu sonho. <3
Beijos!