E mais um causo nessa semana, dessa vez com emputecimentos devido à pedidos sem noção, ilustração e valorização… ou desvalorização.
E na semana passada recebi um tweet de um escritor pedindo uma ilustração pra capa do ebook dele, que não tinha dinheiro, mas ia dar o crédito e eu ganharia uma cópia digital. (Não vou linkar aqui, se quiser é só ir no meu twitter e voltar no dia 30 de janeiro)
Poxa, cara. Que legal. Então eu vou lá, treino meu traço todo dia, vou viver do meu desenho e você me dá o crédito? Perae. Se você me pagasse eu não receberia o crédito, então? Ele é um bônus? Valeuzão por honrar a arte da pessoa. Por valorizar o trabalho alheio. Como você provavelmente espera que valorizem sua escrita.
E qual a melhor parte? O cara é brasileiro. Um autor nacional. E nem ao menos se preocupou em saber se eu falava em português, mandou aquela mensagem padrão em inglês mal escrito. Mandou pra uma galera. Provavelmente todo mundo que tinha usado a hashtag #drawing no twitter tempos antes, como eu tinha feito.
Às vezes eu fico pensando em como tem gente que acha que desenhar não é profissão, não requer treino, não requer esforço. Que é só ir lá, fazer uns rabiscos e olha! Uma obra de arte! Nem 5 minutos levou, pimba. Que não é como qualquer outra profissão, que tem gente que vive disso, que quando se vive disso se come, paga as contas como todo mundo. Curioso.
“Nossa, Camila, mas tem gente que não sabe… Pra quê tanta revolta?” Então beleza, tá aqui o post pra quem não sabe.
Eu realmente fiquei emputecida com aquilo. Com a falta de tato, de mandar mensagens como spam pra uma galera e o pior de tudo, ter gente que responde na boa. Isso ajuda a queimar quem faz sério. Não que não haja mercado pra todos, não que seja errado fazer trabalho de graça se quiser, mas essas aceitações de que não se precisa cobrar por um “desenhinho de nada” só prejudicam.
Como designer, a gente sabe que não é só um desenhinho, não é só “um cartãozinho de visita”, não é só “um logo”. É um trabalho. E como qualquer outro tem que ser valorizado.
Então, se porventura o moço acabar lendo isso, ou qualquer outro que geralmente faz isso ler, pare. Pense um pouquinho. Reflita. E pense em como se sentiria se alguém pedisse pra você fazer qualquer outra coisa, tipo, escrever um livro, já que ele tem um resuminho, mas ele não vai te pagar nada, mas vai ter seu nome ali na capa, ou consertar um cano, pintar uma casa. Eu não tenho dinheiro, mas tá tranquilo. Você pode assinar embaixo.
Você está absolutamente correta. Isso me lembra o caso de uma blogueira (fitness, pra variar) que estava montando um site e fez um ~concurso cultural~ em seu Instagram para eleger a melhor ilustração de seu rosto para o seu site. O que o desenhista ganharia? A DIVULGAÇÃO DE SEU TRABALHO. Olha, grandes merdas. Tem gente que se aproveita e não é pouco.
Abraços.
Entãaao, vários “concursos culturais” só estão aí pra galera dar uma economizada e receber 15 mil versões pra poder escolher. É muito errado e muito comum, infelizmente.
Abs!
Foda. Essa vida de ter que provar que dá trabalho fazer o que a gente faz é foda. O povo acha que é só fazer um sol amarelo numa folha qualquer e puf, ta pronto.
Tem que se provar a cada desenho que o trabalho vale a pena e mais… que é trabalho. É muito ruim. :/