O Leilão do Lote 49 – Rapidinhas #13

por | out 21, 2016 | Rapidinhas, Resenhas, Sem categoria

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“- Eu vim na esperança de que você me livrasse de uma fantasia.
– Cuide bem dela! – vociferou Hilarius – E o que mais vocês têm? Agarre ela cuidadosamente por seu pequeno tentáculo, não deixe que os freudianos a expulsem com sua lábia ou que os psiquiatras a ponham para fora com venenos. Seja o que for, agarre ela firme, porque ao perdê-la uma parte de você passa para os outros. Você começa a deixar de existir.”

A jornada paranóica de Édipa Maas em busca dos segredos de uma sociedade secreta de correios que pode ou não existir. À medida em que ela desvenda a história, fica cada vez menos claro se há uma conspiração envolvida ou se toda a história se passa apenas dentro da sua cabeça.

A história começa leve e bem humorada, de um jeito muito solto e gradualmente vai ficando mais séria, por isso é fácil subestimar a escrita do autor no início. O último capítulo é tocante. O sentimento de paranoia é constante e muito bem trabalhado e reflete através da desorientada protagonista num zeitgeist sem regras direto na gente. A própria Édipa, em meados do fim, desiste de tudo e vai acompanhando desolada o desenrolar das coisas, junto ao leitor. Essa cumplicidade é ótima.

O Leilão do Lote 49 é um episódio dOs Simpsons em romance, com personagens abundantes e excêntricos, as dicas sutis de conspiração e o feeling de estar sendo vigiado. Também é um livro muito americano, no sentido estadunidense da palavra. Seja lá qual era o intuito de Pynchon, ele o alcança: Todas as coisas pequenas estão lá por algum motivo. Não há coincidências gratuitas, não há palavras desperdiçadas. O livro é repleto de referências, e há duplos sentidos até nos nomes dos seus personagens.

Reza a lenda que esse sentimento de paranóia que Thomas Pynchon consegue criar em seus livros é a grande característica da sua escrita. O próprio Pynchon é uma lenda, recusando-se a aparecer ao vivo, dar entrevistas, mostrar seu rosto. Na internet há apenas meia dúzia de fotos suas e os fãs especulam teorias absurdas à respeito do autor. Os livros no Brasil infelizmente ainda não receberam a atenção devida e são bem raros e caros.

Após a leitura tem-se a impressão de que é um livro muito superestimado, nada demais. Mas aos poucos se faz experimentar também um feeling de paranoia no mínimo interessante. O que é a verdade afinal?

8

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O Leilão do Lote 49 – Thomas Pynchon
166 páginas – Companhia das Letras

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