E a primeira resenha do ano é do último livro de 2016 da parceria com a Editora Biruta e Gaivota! No Orixás sob o céu do Brasil temos um apanhado lindão das histórias dos orixás…
Sinopse: Iemanjá e Oxalá são orixás que muita gente conhece de nome, mas a maioria nem imagina a história interessante que eles têm. Neste livro, além de contar a lenda desses e de muitos outros orixás, Marion Villas Boas conversa de perto com o leitor. Ela conta como pessoas vindas de diferentes regiões da África chegaram ao Brasil e se uniram pelo culto aos orixás, explicando a origem do candomblé e mostrando sua riqueza. (Sinopse do Skoob)
E esse foi o último livro do ano recebido pela parceria com as Editoras Biruta e Gaivota! 🙂 Fiquei bem interessada quando me indicaram esse título, até porque não tinha tido a oportunidade de conhecer mais as lendas todas que permeiam as religiões afros (e afro-brasileiras, né) ainda…
No início de tudo, havia o Orum: o espaço infinito.
Orixás sob o céu do Brasil, Marion Villas Boas, p. 15
Lembrei-me de uma excursão de escola (acho que foi durante o ensino fundamental…) para o Ibirapuera, havia uma exposição sobre cultura africana e afro-brasileira, até hoje lembro das roupas, das cores, do sofrimento e da miscigenação (fica muito claro na minha memória uma máscara de rituais, não me recordo de qual tribo, onde eles se cobriam inteiros com roupas tricotadas com as mais diversas cores e colocavam um chapéu de madeira com galhos de árvores subindo e um dos rostos mais lindos esculpidos!).
Querendo ou não, somos criados com uma encanação (para ser sutil) quando algo se refere à religiões afros (ou qualquer uma que fuja do “padrão”, aliás), e isso acaba impedindo de conhecer uma gama imensa de culturas, pontos em comum e divergências. Estudamos a mitologia grega, mas onde ficam as lendas como essas que são até mais antigas? Ou aquelas que os hindus contam e recontam há muito mais tempo? E é interessante poder desconstruir isso o máximo possível.
Acho que o mais interessante de ler essa compilação de lendas dos orixás foi ver a diferença entre algumas histórias de origem. Como cada tribo conta sua história de uma maneira diferente, como no caso de Iansã, cuja personalidade (e maridos! haha) parece divergir dependendo da fonte que se acessa.
Acho que um dos orixás que sempre me chamou a atenção foi Obaluaê. Quando tive a chance de ir à Bahia pela primeira vez, as estátuas dele eram as que mais me atraíram, sempre dançando, sempre escondendo o rosto com as marcas de varíola. Foi bom ter visto uma de suas histórias de origem ^^
São lendas escritas de forma curta, direta, com ilustrações lindezas demais (olha essa Iansã! <3) e com uma breve introdução. É como um livro de mitologia super acessível (no caso, não mitologia de fato, já que estamos falando de orixás cultuados até hoje tanto no candomblé quanto na umbanda! 🙂 ) que dá pra ler numa tarde.
Como sempre, o projeto gráfico é um xuxu e só adiciona na fluidez do texto. E te encoraja a buscar mais sobre as outras versões das lendas e dos orixás.
Minha única ressalva reside no dado de que as histórias podem divergir só ter aparecido no final. hahaha Fiquei achando que tinha algo errado quando um orixá reaparecia em alguma história com uma personalidade ou direcionamento diferente.
Os orixás sob o céu do Brasil
Autores: Marion Villas Boas e ilustras de Sandro Lopes
Editora: Editora Biruta
Páginas: 96
Ps.: adorei saber que Exu é como um Hermes rancoroso!
Eu já tinha ouvido falar desse livro, mas não conhecia ninguém que tivesse lido… as ilustrações são lindas!
É muito gostoso de ler, Helen! :DD