Garota Exemplar e seus plots twists excelentes me deixaram com cara de otária e muito feliz. Demorei, mas li e fiquei surpresa com esse livro xuxu:
Sinopse: Na manhã de seu quinto aniversário de casamento, Amy, a linda e inteligente esposa de Nick Dunne, desaparece de sua casa às margens do Rio Mississipi. Aparentemente trata-se de um crime violento, e passagens do diário de Amy revelam uma garota perfeccionista que seria capaz de levar qualquer um ao limite. Pressionado pela polícia e pela opinião pública – e também pelos ferozmente amorosos pais de Amy –, Nick desfia uma série interminável de mentiras, meias verdades e comportamentos inapropriados. Sim, ele parece estranhamente evasivo, e sem dúvida amargo, mas seria um assassino? Com sua irmã gêmea Margo a seu lado, Nick afirma inocência. O problema é: se não foi Nick, onde está Amy? E por que todas as pistas apontam para ele? (sinopse do Skoob)
Enrolei pra ler, mas olha, que plot twist, pessoas. Mas antes de chegar lá, vou conversar um pouco sobre o livro em si. haha
“Estou cuidado da minha vida, minha vida impulsiva: e se eu pulasse da varanda neste exato momento? E se eu desse um beijo de língua no sem-teto na minha frente no metrô? E se eu me sentasse sozinha no chão dessa festa e comesse tudo naquela bandeja, incluindo os cigarros?”
Garota Exemplar, Gillian Flynn
Gillian Flynn tem uma habilidade maravilhosa em compor trechos irônicos, deboches (amo o uso dela de parênteses o livro todo, sério, tocou meu coração de uma forma muito agradável), críticas espinhosas e personagens.
“Nosso pai já estava quase lá – sua mente (cruel), seu coração (miserável), ambos funestos enquanto ele vagava rumo ao grande cinza do além.”
Garota Exemplar, Gillian Flynn.
O livro varia entre o diário de Amy, a garota exemplar, e o inferno que se torna a vida de Nick, o marido, acusado de assassinar e sumir com o corpo de sua esposa. Nick é um cara medíocre. No sentido estrito da palavra. Culpa a internet por não ter emprego, culpa sua esposa por ficar entediado, culpa qualquer coisa pra justificar suas ações. Ele é um personagem que não inspira carisma em nenhum momento. Ele foi feito pra ser assim, aliás.
“Eu deveria acrescentar, em defesa de Amy, que ela me perguntara duas vezes se eu queria conversar, se tinha certeza de que queria fazer aquilo. Eu às vezes deixo de fora detalhes como esse. É mais conveniente para mim. Na verdade, queria que ela lesse minha mente para eu não ter de me rebaixar à arte feminina da articulação.”
Garota Exemplar, Gillian Flynn
Já Amy… Ah, Amy. Pelo diário, temos uma Amy desde antes de conhecer o Nick, uma verdadeira garota exemplar. Tem seus dias ruins, seus dias bons, mas é uma esposa devota e uma… garota perfeita? Pode ser. Vamos seguir com isso. Ela é feita pra ser adorável mesmo.
“Ninguém queria que Amy Exemplar crescesse, muito menos eu. Deixem-na de meias três-quartos, fitas nos cabelos, e me deixem crescer, sem ser atrapalhada pelo meu alter ego literário, minha metade melhorada envolta em papel, o eu que eu deveria ser.”
Garota Exemplar, Gillian Flynn
Acompanhar o desenlace do caso, e não vou me estender muito nisso, porque quero que você leia sim pra ficar “AAAAAAA” ao longo do livro, é incrível. As viradas que a Gillian faz, as críticas mascaradas pelas várias personagens, o tapa na cara que você leva por ser um leitor otário, bem… tudo muito bem feito e estruturado.
“Você não está saindo com uma mulher, você está saindo com uma mulher que viu filmes demais escritos por homens socialmente estranhos que gostariam de acreditar que esse tipo de mulher existe e poderia beijá-los.”
Garota Exemplar, Gillian Flynn (ESSE É MEU TRECHO FAVORITO)
Você vai mudando de ideia ao longo do livro. Vai mudando de lado a cada capítulo, e olha… gosto bastante disso. Essa dubiedade da moral que fica presente o tempo todo é o melhor da experiência. Até a metade do livro eu fui construindo meu lado por meio de uma visão feminina. Afinal, né…
Algo que eu realmente queria poder fazer é apagar toda a leitura da minha mente, abrir o livro de novo e ler como um homem. Uma das maiores sacadas da Gillian é saber como uma mulher pensa, pelo que uma mulher passa, os esteriótipos, o machismo nosso de cada dia, a falta de confiança que um discurso feminino tem, a falta de poder, as mortes, agressões, bem. Gillian é marota. Por mais que ela te obrigue a querer mudar de lado em algumas partes, mesmo assim… você hesita. HAHA
“Ontem à noite, para a câmera, eu estava adoravelmente abalado, um tanto ébrio, in vino veritástico.”
Garota Exemplar, Gillian Flynn
É bizarra essa sensação de hesitar mudar de lado, porque você compõe uma miríade de situações que já conhece e aplica nessa história.
Outra coisa muito bem construída é o fato de que a solução do mistério não é o fim da história. Até porque ele é apenas mais uma faceta. E, agora preciso também equilibrar a resenha, apesar de ter achado a história um pouco cansativa (o livro me pareceu durar demais em alguns momentos, e sinceramente, mesmo no frenesi, eu cansava um bocadinho, senti que alguns trechos poderiam ter durado menos do que duraram), isso foi muito bem organizado.
Não posso me estender em outras questões, porque prefiro que leiam e saiam correndo pela casa ao chegar na metade do livro enquanto gritam, então vou parar por aqui.
“Não tenho mais nada a acrescentar. Só queria garantir que eu tivesse a última palavra. Acho que fiz por merecer.”
Garota Exemplar, Gillian Flynn
Garota Exemplar
Autora: Gillian Flynn
Editora: Intrínseca
Páginas: 448 (mas li o ebook, então não sei!)
Link no Skoob
Acho que pra fechar eu só teria a dizer que não assisti o filme, então não consigo tecer uma comparação… MAS. Caso assista venho e volta a editar a resenha ^^
Você consegue dar um bizu em vários trechos que separei (VÁRIOS MESMO, porque não resisti) no Tumblr!
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A história até é bem bolada… mas seilá… não acrei a escrita tão envolvente… eu particularmente estava esperando mais.
Abraço
http://artcultd.blogspot.com.br/
Então, Daiana!
Também senti que tem momentos que a escrita avança demais… você cansa de acompanhar as personagens, né?
Eu fui sem muita expectativa, e sem ver o filme, então foi uma experiência legal apesar dos pesares! 🙂