Em Portsmouth, cinzenta cidade do litoral da Inglaterra, um garoto passa uma temporada inesquecível na casa dos avós. Um período de amadurecimento e descobertas, reveladas por personagens insólitos: seu tio-avô Morton, marcado desde a infância por uma deficiência física; uma misteriosa mulher, que ganha a vida interpretando uma sereia, e Swatchell, um artista com um passado obscuro. À medida que as histórias desses personagens se entrelaçam e se desdobram, o garoto é forçado a confrontar segredos de família, estranhos fantoches e um pesadelo de violência e traição, em uma sombria fábula sobre o fim da infância – e da inocência – e a passagem para a vida adulta. Mr. Punch foi escrito por Neil Gaiman, aclamado autor de Sandman, Deuses Americanos e Coisas Frágeis, e ilustrado por Dave McKean, premiado artista de Asilo Arkham e Cages. Parceiros de longa data, já realizaram diversos trabalhos juntos, entre eles a graphic novel Sinal e Ruído.

Sinopse do Skoob.

Mr. Punch trata do passado metafórico, aquele que a mente de uma criança manejou interpretar e você tenta presumir o que realmente aconteceu.

Como todo quadrinho de Neil Gaiman e principalmente os que já li dele com o ilustríssimo Dave McKean (como aquela da Colombina), tive de ler umas belas duas vezes para sacar todas as nuances da história, sempre tem um detalhinho ou outro que você só repara quando relê e já sabe mais do que aconteceu. E sempre tem um monte de detalhe que são deixados no talvez, você tem de preencher alguns dos vazios, ou talvez estejam lá e eu não tenha percebido ainda.

A história fala muito sobre os pactos que fazemos nessa vida, o que escolhemos lembrar, o que interpretamos com nossa própria capacidade atual e cabe a nós querer interpretar. Ou pagar o preço por realmente descobrir o que aconteceu no nosso passado. Aqueles segredos de família, contados esporadicamente, que interpretamos quando crianças de forma metafórica, de acordo com a própria capacidade da criança, uma interpretação às vezes inocente, às vezes completamente díspare, mas nem por isso menos correta.

Mr. Punch, ou Punch and Judy, é um teatro de fantoches que teve sua primeira aparição registrada lá no século 17, com raízes na commedia dell’arte na Itália, e teve sua versão na Inglaterra. Ele é um personagem que sempre se dá bem, e deixa um rastro de assassinatos por onde passa, ninguém consegue vencer Mr. Punch, essa clara alusão à Morte, nem o Diabo (que aparece na história dele) consegue ganhar, ele engana a todos.
A morte na história também é algo relativo, o que é a morte para uma criança, afinal? No caso dele, você pode estar ligeiramente morto.

O livro trata sobre o medo inconsciente de que os adultos enchem as crianças, aquela sensação de gigantes que passam, de sabedoria suprema e segredos.
Tantos segredos de família que o protagonista tem. A HQ é escrita em primeira pessoa, então o único ponto de vista que você tem é o do protagonista, por isso, como só temos a versão do passado totalmente metafórica e se intercalando com a história do Mr. Punch, tem momentos em que se tem duas soluções para o que teria ocorrido com Tio Morton por exemplo, ou quem seria Swatchell. Aliás, tenho um teoria para quem seria esse último, mas daí, como todo bom quadrinho dele, o sobrenatural se sobrepõe à realidade.
É um quadrinho intenso, pesado, mas que te faz pensar muito, e consegue te entreter pelo resto do dia enquanto tenta pensar o que quiseram dizer com tal frase em tal lugar.

A Comédia Trágica ou A Tragédia Cômica de Mr. Punch
Editora: Conrad
Autores: Neil Gaiman e Dave McKean
Páginas: 104

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Enjoy!

Ps.: a capa está com o título ao contrário porque é a versão em espanhol… 🙂