Em 2083 o que acontece é uma visão externa do ler. Uma visão para quem ler já é algo passado, algo que não faz mais parte do contemporâneo. Mas podia ser quase em 2014.
A sinopse de 2083 já ajuda a dar uma ideia do que se vai ver durante o livro:
O fim dos livros de papel e tinta está próximo. Restarão poucos exemplares: as antiguidades valiosas ou as relíquias de família. Verdade? Ilusão? Fantasia? Imagine-se agora em 2083 e surpreenda-se: o livro eletrônico também não existe mais. O que restou das histórias e dos autores que admiramos? Desapareceram sem deixar vestígios? Não! Seria impossível destruir os textos que nos emocionaram, que nos fizeram viver melhor e nos tornaram mais humanos. Não se desespere, todos sobreviveram e você poderá conhecê-los bem perto, numa viagem de turismo… no modo amplificador de inteligência. Embarque na bibliotravel.
(sinopse do skoob)
Mas mesmo assim, ao ler não conseguia nem prever o que viria nem entender o caminho que o autor queria percorrer nessa ficção científica.
Temos o David (provavelmente com sotaque espanhol, e não inglês, haha), um garoto de 16 anos, comum, que tem a vida normal de um jovem nesse futuro, video aulas em casa, televisão de noite, videogames, conversar com amigos em todos lugares do mundo, um cachorro robô, visões do mundo com problemas sérios de desertificação.
“De repente, Pa fez o gesto de apertar um botão no ar e o telessensor emudeceu. Com ele acontecia o mesmo que comigo. As notícias sobre a mudança climática, a erosão da cobertura vegetal, a seca e o avanço incomparável dos desertos nos deprimiam, porque se repetiam continuamente e não percebíamos nenhuma melhora. Era como se a cada dia nos anunciassem que as ruas iam se encher de areia e que caravanas de camelos iriam substituir os automóveis e trens de levitação magnética. Para que lembrar isso, se não iriam fazer nada para impedir?”
2083, Vincete Muñoz Puelles, pág 10
Recebi esse livro pelo booktour organizado pelo blog da Babi Lorentz, tinha ficado apaixonada pela sinopse, pela expectativa de não saber o que realmente esperar. E essa expectativa foi mais que suprida. Sempre gostei de livros de ficção científica que te guiam por mundos que justamente por serem o contemporâneo para as personagens não precisam de explicação. Porque você explicaria o que você faz no seu dia-a-dia se esse é o comum? Eu não preciso explicar o que é uma geladeira em um livro, simplesmente a coloco por lá. E o livro te guia mostrando de forma sutil como é esse mundo em 2083, como são as relações sociais, e as relações com os livros. E como isso foi se modificando.
Eu, contrariamente à Ma(mãe falecida do David), iria pirar na possiblidade de viajar pela Bibliotravel, uma coisa imensamente interessante nisso também é o fato de conhecermos várias obras clássicas na visão de David, e como elas conseguem se tornar atemporais nas suas desventuras, seja Dom Quixote, Ilíada ou a Odisseia.
“porém o importante não eram os livros em si, mas sim o que eles transmitiam. Quando alguns eram abertos, parecia que se ouvia a voz de seus autores, mortos talvez há milhares de anos. Às vezes, eles eram tão emocionantes que era preciso parar de ler e levantar a cabeça, para poder pensar o que havia sido lido ou descansar por um momento.”
Pa, 2083, Vicente Muñoz Puelles, pág 12
O jeito de Pa descrever os livros, a literatura, é lindo, isso justamente vindo do homem que trabalha nessa Bibliotravel, mas não lê mais. São poucas páginas, mas parece que se vive tão dentro daquele mundo, o jeito do Puelles escrever é uma viagem em si, ele te leva com poucas palavras a viajar. Sejam pelas obras literárias ou dramas cotidianos do ano de 2083.
“Onde fica o leitor de livros quando lê? No livro ou fora dele? Quando se lia um bom livro, era como percorrer os lugares descritos. Mas, ao mesmo tempo, isto tudo acontecia com a pessoa sentada ou na cama.”
2083, Vicente Muñoz Puelles, pág 16
Eu fiquei honestamente apaixonada pelos personagens, ainda estou curiosa sobre o capitão Ahab, que fica na parte física da Biblioteca de 2083, mas o que mais gostei foi o imenso plot twist no final. Não é algo inédito na literatura, mas me surpreendeu de uma forma deliciosa, não tinha previsto aquilo de forma alguma, foi magnífico. E li tão freneticamente que terminei no mesmo dia. haha
2083
Autor: Vicente Muñoz Puelles
Editora: Biruta
Páginas: 140
Ps.: Um big agradecimento à Babi Lorentz por ter organizado o Book Tour e eu ter feito parte dele… to in love ainda. hahahah
Oi, Camisss! Tô muito curiosa por esse livro desde quando recebi o catálogo da Biruta. Esse negócio de não existirem mais livros em 2083 me deixou muito interessada na leitura (e agoniada também).
Beijão
Me esqueci de comentar na resenha, hahaha.
Gente, que bom que gostou mesmo de participar e que bom que o livro foi interessante pra você.
Eu também gostei pra caramba do livro e achei super interessante a história que o autor criou. Achei o livro perfeito para os apaixonados por livros.
Beijos. <3