E, depois de assistir ao filme pra TV, tive que ir correndo e ler as situações angustiantes que Anne Elliot passou em Persuasão pela voz de Jane Austen…
Comecei a ler Persuasão logo depois de assistir ao filme de 2007 da BBC, comprei aquele box que vem uma penca, e escolhi começar por ele. Gostei tanto da ideia da história que precisava ver como a Jane Austen tinha feito isso tudo acontecer.
Se tem alguma coisa que eu falo pra quem nunca leu/ouviu falar da Austen é que ela conseguiu a proeza de ser atemporal. Os dramas, os perrengues, as hipocrisias, vaidades e relações sociais são praticamente os mesmos até hoje. Quando a gente lê qualquer coisa dela a única diferença são as vestimentas e alguns costumes. Todas as situações são realizáveis e passíveis de acontecerem ou terem acontecido. A essência humana não mudou do modo que ela a via.
E em Persuasão a gente tem elementos maravilhosos pra mostrar como se tem vários pré conceitos em relação à mulher na sociedade daquela época, mesmo sendo sim uma sociedade patriarcal, com restrições de trabalho pra mulher, perdas de herança por falta de filhos homens, elas tinham um papel mega definido na sociedade, imprescindível. Elas guardavam a casa, davam a seriedade pra gerir as finanças, passavam a educação, traziam cultura. Claro que os preconceitos com atitudes femininas existiam, ainda mais numa sociedade como a britânica, mas me foi muito surpreendente a visão que pude ter das mulheres no livro. Foi um tapa na cara das minhas conjecturas hahaha
Quando assisti o filme, esse esquema de reencontro, da enrolação de saber se ia ou não dar certo com o Cap. Wentworth me deram uma aflição tão grande… até hoje sinto o embrulho de nervoso e ansiedade. Deve ter sido a época sentimental mensal na qual estava quando assisti e li o livro… mas talvez não seja, quem sabe… haha Essa sensação de nervoso foi gigantenormemente aumentada no livro. Ele tem várias adições de conteúdo, de pessoas, de acontecimentos que senti que diferem um pouco do filme, nada que prejudique muito, mas no livro é possível se aprofundar mais nos ocorridos e na cultura. (Um porém, uma cena da fala do Wentworth no filme, pós acidente de Louisa, foi maravilhosa, e não existe no livro)
“A sra. Smith hesitou um pouco.
– Ah! Essas coisas são muito comuns. Quando se vive em sociedade, um homem e uma mulher casar-se por dinheiro é comum demais para chocar alguém como deveria.”Persuasão, Jane Austen, pg 205
Essa questão da inconsequência e vaidade exacerbadas do pai e da irmã, de temer a decrepitude dos outros ao ficarem velhos, os tais casamentos por interesse, a sabedoria da Sra Smith, o fofo do Sr Croft… ainda estou apaixonada por ele, imagino aqueles caras bonachões, que te fazem rir em 2 segundos haha
E serviu pra ter uma base de que estava enganada, me familiarizo mais com a Anne do que com a Elizabeth de Pride and Prejudice… mas talvez sejam apenas facetas de uma mesma pessoa.
Ainda estou de ressaca literária depois desse livro.
Uma hora eu recupero.
Persuasão
Autores: Jane Austen
Editora: L&PM
Páginas: 256
Ps.: Já me recuperei com Mia Couto em O Último voo do Flamingo… <3
Ps.:² Essa carta, maravilhosa, incrível, inadjetível do Cap. Wentworth pra Anne, não vou colocar aqui pra não rolar aquele esquema estilo spoiler, mas leiam aqui Aiai…
Ps.:³ E aqui achei um post que reúne (em inglês) as primeiras e últimas frases de cada livro da Austen!
E em breve tem mais post contando as aventuras do Link no Sarau e em Goiânia! E a resenha do Mia Couto <3
Gostei bastante desse livro, mas me dava uma agonia muito grande a Anne esconder tanto seus sentimentos. Se fosse hoje seria bem mais rápido pros dois se declararem.
Então, não sei se por conta de ter os mesmos problemas de abrir a boca para revelar sentimentos, sempre me identifico com as personagens da Austen 🙂
Beijos