“As pessoas não nascem boas ou ruins. Talvez nasçam com tendências a um caminho ou outro, mas é a maneira como se vive a vida que importa. E as pessoas que conhecemos.”
Clary e Jace desvendam todos os segredos da conturbada família Morgenstern à medida que os planos de Valentim chegam à uma conclusão e aí tem um quarto livro.
Eis os volumes 3 e 4 da série Instrumentos Mortais. Parece que depois de um começo conturbado Cassandra Clare deu um jeito de fechar sua história. Ela finalmente decidiu o que eram demônios (bem diferentes dos demônios fantasiados de humanos dos primeiros capítulos do primeiro livro, né, fia?), decidiu que era hora de dar espaço pra história (cada vez melhor) de Simon e decidiu que nem tudo gira em torno de Jace, embora a opinião da protagonista seja essa. Clary continua extremamente cabeça dura e muitas vezes o plot caminha apenas por causa disso, o que não é necessariamente ruim. Como o único adulto que parece saber o que tá fazendo desde o começo é o Luke, a Clave, que é sumariamente composta de burraldos completamente incompetentes, continua atrapalhando tudo. O personagem Alec que finalmente começou a interessar um pouco no rumo do segundo livro, aqui assume uma trama sem graça com um desfecho bem bosta que arrasou com o Malec que a gente tanto queria e não resolveu nada (Parece que o negócio da imortalidade tá sendo realmente tratado no quinto e próximo livro, nunca vi um plot secundário tão arrastado, 4 livros pra fazer um almoço, isso não existe). O terceiro livro encerra 99% de todas as perguntas e apresenta a Idris de verdade: Os Nephilim existem, tem muita cultura, costumes e estilo e apresentam um conceito bem original quando comparados com os já batidos (mas sempre fascinantes) vampiros, lobisomens e fadas, fazendo com que tudo fique mais crível e coeso. Parece que o ponto alto dos livros até este é quando um personagem resolve tirar um capítulo pra contar o passado obscuro de todos os envolvidos. Sempre bom. Além disso, o final é bem empolgante e o ritmo se mantém por muitas páginas e há uma satisfação especial em terminar de lê-lo. Infelizmente ele tem um epílogo interminável e chatíssimo.
O curioso é que Cidade dos Anjos Caídos é exatamente o que se espera de uma história que fechou no terceiro volume e de repente saiu um quarto. Ele continua pequenos ganchos soltos do terceiro e afunda a trama bem média de uma forma bizarramente assustadora com bebês mortos e demônios antigos e tudo o mais. Simon brilha no quarto volume lindamente, ora roubando o protagonismo da história insossa de Clary, ora lidando com a questão da sede e da imortalidade de maneiras incríveis, mas mesmo assim há um clima de “o clímax já passou, o que vier é lucro” e o quarto livro não é tão empolgante quanto o anterior.
Um mal de fanfic que chegou no primeiro livro e parece que não vai sumir nunca é a abundância de personagens esteticamente perfeitinhos. Ninguém é gordo; quando há personagens negros eles ou morrem ou tem sua aparência suavizada (até agora não ficou claro se a Maia é negra, uma variação de morena, sei lá, é incrível como a Cassie NUNCA MAIS descreveu a Maia). Parece que a desculpa do treinamento funciona pra deixar todo mundo entanquinhado e belo. Há uma proliferação de olhos coloridos também. Prepare-se para ler umas cinquenta vezes o quão dourado e brilhante é o cabelo perfeito de Jace ante a luz do sol.
Tem uma coisa que sempre foi sutil mas que agora floresce de maneira incrível, principalmente no quarto volume: O erotismo tácito e o flerte com as armas. Os Caçadores de Sombras têm alguma coisa com armas, não é possível, a descrição dos músculos por trás da camisa do Jace sempre vem junto com alguma adaga ou faca. Sangue, seco ou não, é uma coisa constante que também sempre vem no pacote da descrição meio libidinosa que a Cassandra faz dos personagens. Ponto positivo.
Mais uma vez as editoras não tem ideia do que estão fazendo e a capa do terceiro volume tem o personagem…. Alec? Sebastian? Não sei. Independente de quem for está bem errado porque parece que TODOS os outros volumes são do Jace e da Clary…? Mesmo conselho que a resenha anterior: Grudem na edição de colecionador que encerra dois livros de uma vez. Bom, acho que nem a Cassandra planejou o quarto volume muito bem porque até o título parece meio genérico e isso pesou pra quase 7, mas mais uma vez, é difícil uma série me pescar assim, e por eu ter agarrado essa isca, a nota mantém-se 8.
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Os Instrumentos Mortais – Cidade De Vidro e Cidade Dos Anjos Caídos – Cassandra Clare
688 páginas – Galera Record
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