Ela aspirou sua aura de tabaco, e teve de suportar aquela gargalhada jovial e velhaca de perdedor nato. Então ele tinha virado isso – alguém que, a julgar pela sua falta de surpresa ou qualquer piedade reflexa, ela, num nível próprio e mais modesto, devia ter virado também.
Zoyd Wheeler, um hippie sobrevivente dos anos 60, vê sua vida virar de cabeça pra baixo quando entra na mira do obcecado agente federal Brock Vond. Contando com ajudas improváveis, de falidos grupos de cinema até tanatóides e ninjas americanas, sua filha Prairie busca desvendar o passado dos personagens e descobrir quem realmente é sua mãe, Frenesi Gates, e por que Vond está disposto a arriscar tudo em sua erótica caçada por ela.
Diferente das outras obras de Pynchon, essa aqui TEM UM FINAL (Aeeee), mas isso não significa que o livro seja tão bom quanto os outros (Aaaaahh). Se todo escritor tem por obrigação lógica um livro mais fraco então esse definitivamente é o do Pynchon. Todo o tom bem humorado, os trocadilhos e piadas acompanhados daquela claquete de risadas pynchonianas de desenho animado aqui perde a sua eficácia. Muitos trocadilhos, tanto em português quanto no original foram forçados e não tem aquele brilhantismo elegante de O Último Grito, sabe? Além disso, toda a história acaba se perdendo dentro de si mesma de uma forma nem um pouco interessante, acabando por pegar no tranco mesmo só depois de 2/3 lidos.
Seja como for, é do Thomas Pynchon que estamos falando, então sim, a fluidez do texto é incrível, as situações dos personagens são ótimas, os diálogos são divertidos e as referências são inúmeras e, como 90% das vezes, ele sabe do que ele tá falando, houve uma imersão pesada, ele viveu aquilo antes de escrever (Sempre considerei essa a melhor e mais poderosa característica dele).
Ainda assim é meio chato, então estou dando 7 Gabos de nota pra ele. Ah, é, se você tem esperanças de ler Vineland, boa sorte, porque é praticamente impossível conseguir esse livro hoje em dia e eu comprei o último exemplar da Estante Virtual. Quem sabe se as vendas do Arco-Íris forem boas a Companhia das Letras não relança, não é?
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Vineland – Thomas Pynchon
402 páginas – Companhia das Letras
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