Tudo começou com um vasinho de hortelã, mas aí quase se transformou num episódio de supernatural. Nesse novo conto inspirado pela história da Jéssica Groke, conheça a mais nova loira das lendas urbanas.
A Jéssica Groke postou essa história aqui Ó, sobre uma possível loira do vasinho que poderia estar assolando sua residência, e aí deu vontade de escrever sobre, então cá estamos. HAHA
A Loira do Vasinho
— Mas vaso vaso ou vaso vaso?
— Como assim? Que vaso?
— Vaso de planta ou vaso de banheiro, foi o que eu quis dizer.
— AH. Eu chamo de privada.
— Bem, tanto faz, qual deles?
— Vaso vaso, de hortelã. O lá da varanda.
— Ah! Sei.
— Então, deixa eu continuar minha história:
Já é a segunda vez que acho um fio de cabelo loiro todo entremeado no meu vaso de hortelã da varanda. Ela é toda redada, não tem ventado muito nos últimos dias e moro num andar alto, como você lembra. Enfim, todo mundo lá de casa é moreno, moramos apenas eu e minha mãe por lá, e não lembro de ter recebido nenhuma visita loira nos últimos tempos em que apareceu esse cabelo por lá.
Tudo bem que nos dias de hoje a gente praticamente não conhece quem é nosso vizinho, que moro num condomínio grande de prédios, mas mesmo assim tentei mapear meus vizinhos e descobrir suas características capilares. Acabei descobrindo algumas pessoas aloiradas, algumas platinadas, algumas pintadas, mas nenhum tom era idêntico ao do cabelo do meu vasinho.
Comecei a pensar se não poderia ser uma nova modalidade de lenda urbana, afinal, estávamos em um ambiente urbano, e se a tal loira do vasinho não seria alguma irmã da sua homônima do banheiro. Nacionalmente menos conhecida, mas vai que minha residência havia sido o local escolhido pro começo da lenda? Todas as lendas começavam em algum lugar e não haveria de ser diferente por isso.
Comecei a pesquisar então o significado da hortelã, achei apenas coisas boas e lembrei que às vezes tomava quando meu estômago estava ruim. Seria um sinal? Seria a loira do vasinho uma loira louca dos chás e fitoterapia que morrera e deixava seu cabelo em vasos para deixar dicas do que faltava na vida das pessoas?
Decidi fazer um chá de hortelã só pra remediar.
Mas na semana seguinte, lá estava mais um fio amarelo.
Minha teoria havia falhado. Seria então a loira do vasinho algum espírito maligno que assombrava vasos de plantas que nos faziam bem? Afinal, eu tinha vários vasos em minha casa, mas era só no de hortelã que os fios apareciam.
Tudo era muito misterioso. Então, ainda sem compreender o modus operandi da loira decidi fazer um teste extremo. Comprei outro vasinho de hortelã. Um super verde e tentador (quase roubei algumas folhas para mascar) e decidi deixá-lo em meu quarto.
Janela fechada. Porta fechada. Deitei para dormir.
Apaguei completamente.
No dia seguinte, para minha surpresa, lá estava o fio amarelo. Firmemente enredado nas folhas.
Admito que nessa hora um arrepio percorreu minha espinha e cheguei a imaginar a loira se esgueirando pra dentro da janela, a cortina batendo lá fora, o seu corpo parecido com o de um wendigo estalando de leve e seu estômago dolorido de falta de hortelã em sua vida.
Também pensei que, ao mesmo tempo, eu havia dormido muito bem.
Eu ia levar o vasinho pra fora, e começar a trancar a porta da varanda com mais cuidado, quando chegou uma mensagem em meu celular, a sua mensagem, falando que estava arrependida de não ter levado um casaco, e que tinha passado o maior frio da sua vida no rolê.
Aí achando tudo muito estranho, eu havia dormido apenas de lençol na última noite, eu conferi o clima e vi que tinha feito um frio estrondoso.
Comecei a somar as pontas, havia feito frio, mas eu não havia sentido nada. Havia um fio loiro no meu vasinho de hortelã e nenhuma forma dele entrar.
Engoli em seco.
E decidi deixar o vasinho no meu quarto só mais uma noite.
Obrigada, Jéssica, pela permissão para usar sua inspiração vasiana. HAHA <3
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