Me Leve Quando Sair tem praia, memórias, uma trilha infinita pra uma cachoeira, e a estreia da Jéssica Groke nos quadrinhos.
Sinopse: Inspirada nas experiências de uma viagem a Paraty, litoral sul do Rio de Janeiro, a autora se coloca em cena como protagonista da história ao lado de seu irmão, Lucas. Extremamente íntimo, a relação dos dois é exposta de maneira confessional, revelando características de suas personalidades e desse relacionamento fraternal.
Essa é mais uma resenha do resultado das aquisições do FIQ 2018! Começamos com Crônicas de Chordata na semana passada e agora chegamos com Me leve quando sair da xuxu da Jéssica Groke.
(Aliás, a Jéssica já apareceu aqui antes como inspiração no conto da Loira do Vasinho! )
Eu acabei lendo algumas vezes a hq antes de vir aqui escrever. Eu pegava, sentava, lia, refletia, e guardava de volta na estante. Aí pensava em como ia fazer a resenha, pegava de novo, lia, etc. (Aliás, tem um momento durante a história que fiquei curiosa até entender que era um pedaço de uma peça de teatro, até então tinha achado que era um momento muito traumático da vida da Jéssica e ficado imensamente sem graça de perguntar, até que li de novo e caiu a ficha, beijo, Jéssica HAHAHA).
É uma história extremamente autobiográfica, cheia de nuances, questões internas, históricos não declarados, mas que de forma alguma te isolam ou te deixam pra fora da história como se o leitor fosse um intruso. Você se torna um companheiro da jornada dela pra tentar entender a relação com o irmão, pensando nas memórias, nos momentos, em o que significava cada coisa e como lidar com ausências e as mudanças que a vida vai trazendo.
O traço dela e o modo como ela leva a história é apaixonante aliás. Ela vai levando com umas estruturas diferentes, umas quebras, umas passadas, umas expressões que te contam demais (eu adoro uma cena em que a recepcionista do hotel dá uma olhadinha antes de modificar o cadastro deles no check in).
Ele é todo feito no grafite e te passa uma visceralidade lindeza demais pra acompanhar a história (e também um nervoso, porque seu inconsciente te jura que você vai sair com a mão toda manchada de grafite 6B ao virar as páginas).
É uma escolha fazer algo autobiográfico, é uma questão enorme de exposição e ver se você consegue manter o equilíbrio entre contar a história de forma coerente ou de deixar tudo num abstrato que só alguém com acesso à sua mente vai conseguir compreender. E ela conseguiu atingir esse equilíbrio lindamente em Me leve quando sair. 🙂
Me leve quando sair
Autora: Jéssica Groke
Editora: Independente
Páginas: 40
Link para comprar com a autora e com a Ugra Press
Ah, também dá pra conferir uma entrevista bem joia com a autora lá no Vitralizado!
0 comentários